Desabafo...

Já andava para escrever sobre este assunto há muito tempo, mas ainda não tinha chegado o momento, até qui li este post e decidi-me!!!

Não me lembro de nunca ter trabalhado... comecei cedo, em trabalhos em part-time ou de Verão. Comecei a trabalhar na minha área ainda antes de terminar o curso. E trabalhei nessa mesma empresa durante 4,5 anos.

Até que engravidei!!

A B. foi uma criança muito, muito desejada!! Conosco nada foi fácil, desde o engravidar passando pela gravidez propriamente dita até aos primeiros meses da sua maravilhosa existência.

Nessa altura fui despedida. Perguntam-se vocês: "Mas é possível?"
É, e não é tão dificil como possam imaginar!!
Foram tempos dificeis para mim! Como se não bastasse o S. mudou de emprego e comprámos a casa nova!!

O que foi mais dificil foi a falta de convivio diário, a falta de normas e horários a cumprir, a falta de me sentir útil e de realização. A adicionar a isto as limitações que a minha médica me impôs: repouso, nada de andar, nada de viagens longas, nada de nada!!!

Apesar de tudo isto penso que o despedimento até foi bom... obrigou-me a seguir em frente, mudar de rumo e permitiu-me ficar com a B. até aos 7,5 meses!!!

Quando a B. atingiu 4 meses achei que era tempo de voltar à procura de emprego. Não foi fácil, o mercado de trabalho está mesmo muito mau! Consegui ao fim de 3 meses.
Por um lado estava muito feliz e ansioso por recomeçar, por outro só de pensar em deixar a B. (que só aceitou ficar na 3ª ama que conheceu, assunto que fica para uma próxima oportunidade) o meu coração apertava-se muito...

Acredito que ficar em casa com a mãe, pelo menos até aos 3 anos, seja o melhor para a criança (eu própria tive esse privilégio) mas eu senti que não conseguia. Precisava de voltar à vida activa. Claro que em casa com um bebé trabalha-se muito, talvez mais do que fora de casa, mas para mim estar em casa é impossível!

Preciso dos ritmos, do stress, da realização, do sentir que alcancei algo... em casa sentia-me triste e desanimada. Não tinha tempo para mim, tudo girava à volta da B., o meu tempo, as conversas, tudo!!! Senti que deixava de ser uma mulher, era apenas mãe. E para mim estas 2 coisas são indossociáveis. Sempre quis ser mãe, adoro a minha filha, mas precisava de espaço para mim!!

Sinto saudades da minha filha a toda a hora. Adoro quando a vou buscar, o reencontro, adoro vê-la feliz e adoro dedicar-lhe tempo ao fim do dia. É só dela, não penso no trabalho...

Tenho pena... de não ter um horário flexível,de não poder trabalhar em part-time (esta ainda não é uma realidade em Portugal), de não poder ficar com ela sempre que ela está doente, de não ter os meus pais perto de mim para me ajudarem!!! Mas são opções que temos de tomar e sei que não me irei arrepender nunca!!!


Nota1: Primeiro dia de trabalho chorei baba e ranho horas (todo o dia). Os meus novos colegas devem ter pensado que era doida...

Nota2: Antes de a conseguir deixar com a ama ficou uma semana com a minha mãe (em minha casa) e outra com a minha sogra (na casa dela) e mesmo assim quando a deixei na ama chorei... (comecei antes sequer de chegar a casa da senhora)!!